Minha primeira vez

Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece.
A minha primeira vez eu tinha 13 anos, foi no primeiro semestre de 1993, e foi com dois homens lindos. Meu pai e meu irmão. Fomos ao La Bambinera Morumbi assistir CORINTHIANS e Palmeiras. Corintiana que se preze precisa perder a "virgindade" em um clássico contra o Palmeiras, é óbvio.
A porcaiada tinha o melhor time do campeonato. O leitão a pururuca vinha recheado de Edmundo, Zinho, Evair e companhia, preparado por Luxemburgo, regados com o leite Parmalat. Tava atropelando todo mundo.
O meu amado Timão ia ser só mais um.
Nelsinho já tinha saído e voltado, Neto estava voltando de contusão, uns cinquenta kilos acima do peso e tava escalado só pro banco. Sinceramente, a gente foi só porque um amigo do meu pai tinha as cativas, a gente já esperava uma derrota.
Mal começou o jogo e a parte do estádio designada ao chiqueiro provocava o banco do CORINTHIANS com um versinho:

"Nelsinho,
Bota o gordinho...
Nelsinho,
Bota o gordinho..."

E assim foi até quase o final do primeiro tempo. Eles atacando, a gente se defendendo. O chiqueiro gritando e a gente só ouvindo.
Mas dizem os ditados mais conhecidos do futebol: "Treino é treino, jogo é jogo, e clássico é clássico." - "Quem não faz, leva."

E não é que o jogo virou 1 x 0 pra nós?!. E não é que logo aos 15min do segundo tempo 2 x 0 pra nós?!. E não é que aos 20min já tava 3 x 0 fora o baile?!.
Em uma jogada pela lateral do campo a bola saiu perto do banco do CORINTHIANS. Neto levantou do banco e fez a vez do gandula. Era o que a torcida precisava. O Morumbicha veio abaixo, e só se ouvia a resposta da nação corintiana:

"Nelsinho,
Bota o gordinho,
Pra acabar com esse timinho...
Nelsinho,
Bota o gordinho
Pra acabar com esse timinho..."

Tem razão aquela antiga e manjada frase: "O primeiro sutiã a gente nunca esquece."
Eu nunca esqueci...Nem da minha primeira vez, nem do Neto